sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Após cinco horas de depoimento, Popó nega envolvimento em homicídio em Salvador

O ex-pugilista Acelino Freitas, o Popó, negou na tarde desta quinta-feira (17) para a delegada Francineide Moura, da Delegacia de Homicídios, participação no assassinato do ex-presidiário Moisés Magalhães Pinheiro, 28, ocorrido no dia 9 deste mês. Popó foi acusado de envolvimento no crime por Jônatas Almeida, 22, namorado de uma das suas sobrinhas, e amigo de Moisés. Ao final de cerca de cinco horas de depoimento, a delegada disse que não tinha elementos para indiciar o lutador, mas que as investigações continuam.
  • Margarida Neide/A Tarde/AE

    "Entro e saio daqui com a cabeça erguida. Sou um homem digno. Todo mundo conhece a minha história, sabe que tudo o que conquistei foi com meu trabalho e o esporte", afirmou, emocionado, o ex-pugilista Popó durante depoimento em Salvador


Visivelmente emocionado, o ex-pugilista admitiu que no dia do crime esteve na casa de Jônatas, no bairro de Itapuã, para buscar a sobrinha - e afilhada - de 17 anos que, após desentendimentos com a família, teria se mudado para a residência do namorado havia seis dias.

"Fiz o papel de pai, o que qualquer pai faria. Fui buscar minha sobrinha menor de idade, que estava em uma casa com três homens", declarou, acrescentando não ter idéia sobre o motivo do assassinato de Moisés.

Popó contou que, ao deixar a casa do rapaz com a jovem, encontrou uma viatura policial e pediu ajuda para retirar as roupas da garota da casa de Jônatas. "Um policial me respondeu que só poderia fazer isso se minha sobrinha permitisse. Mas ela não aceitou", contou Popó, negando que tenha feito qualquer ameaça ou deixado recados ameaçadores com vizinhos, conforme o rapaz teria revelado à polícia.

"Entro e saio daqui com a cabeça erguida. Sou um homem digno. Todo mundo conhece a minha história, sabe que tudo o que conquistei foi com meu trabalho e o esporte. Sabe também que toda a minha família depende de mim, por isso sempre que surge um problema a ser resolvido, é comigo", completou ex-pugilista, emocionado.

Popó estava acompanhado da sobrinha, que defendeu o tio, e do advogado Sérgio Habib, que afirmou que o ex-pugilista se apresentou à polícia espontaneamente.

A família de Jônatas reside no bairro de Baixa de Quintas onde Popó nasceu e se criou. Indagado se já conhecia o rapaz daquela região, o lutador negou.

Outra versão
Conforme afirmações feitas por Jônatas Almeida à polícia, ele e Moisés teriam sido sequestrados juntos na semana passada, supostamente a mando do ex-campeão mundial de boxe.

Segundo a versão de Jônatas, o boxeador atendeu uma ligação sua para o celular da namorada e fez ameaças. Duas horas depois, homens que se identificaram como policiais teriam abordado ele e Moisés, no portão da casa, e os levado até um matagal no bairro de Valéria, periferia da capital baiana.

De acordo ainda com o rapaz, que é polidor de carros, os supostos policiais telefonaram para outros colegas, que seriam policiais militares da 31ª Companhia Independente da Polícia Militar. Eles chegaram ao local pouco depois numa viatura, e teriam fornecido armas aos colegas. Num ponto deserto, mais adiante, próximo ao Centro Industrial de Aratu (CIA), conhecido como local de desova, os supostos policiais teriam tentado executá-los.

Jônatas diz que conseguiu fugir pulando numa ribanceira, mesmo algemado, e escutou três disparos. Ele chegou à casa de parentes somente na madrugada do dia seguinte, ainda algemado, e procurou a 12ª Delegacia (Itapuã) para denunciar o ocorrido. As algemas possuíam o emblema da Polícia Civil. O corpo de Moisés foi encontrado no dia seguinte.

Ouvido na quarta-feira (16) na Delegacia de Homicídios, o pai de Moisés, que pediu para não ter o nome revelado, disse que não acusa Popó - de quem afirma sempre ter sido fã -, e que gostaria apenas que a justiça fosse feita.

Nesta sexta-feira (18), a delegada vai ouvir os policiais que teriam encontrado Popó assim que ele deixou a casa de Jônatas. Tanto Jônatas quanto Moisés têm passagem pela polícia. Moisés foi condenado pela Justiça há quatro anos por roubo de carro, enquanto Jônatas foi preso duas vezes por receptação de veículo roubado.

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